Em todo o setor público, o convite é a modalidade de licitação utilizada para contratações de
menor vulto, ou seja, para a aquisição de materiais e serviços até o
limite de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), e para a execução de obras e
serviços de engenharia até o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta
mil reais). Não para a Petrobras. A Petrobras tem uma lei própria, que a diferencia das outras empresas públicas. Pode escolher quem vai fazer uma obra, utilizando critérios internos. Uma lei que foi criada justamente para evitar a criação de cartéis em torno dela. Que permitisse negociações mais duras sem combinação de preços. Que permitisse aos gestores buscarem a empresa que, efetivamente, reunisse as condições técnicas para a realização de grandes obras.
Com a chegada do PT no poder, este regime diferenciado foi usado para criar uma quadrilha dentro da estatal. Os diretores associaram-se aos empreiteiros. Criaram uma tabela de propinas para favorecer o PT, o PMDB e o PP, que nomeavam os diretores, que recebiam as propinas e que repassavam grande parte do dinheiro a estes partidos. A matéria abaixo, de O Globo, informa que de 2003 a 2012 a Petrobras comprou 60% de tudo por carta convite. Um valor de R$ 135 bilhões. As propinas podem ter passado de R$ 5 bilhões.
No intervalo de quase dez anos em que Paulo Roberto Costa e Renato
Duque atuaram na diretoria da Petrobras, quase R$ 220 bilhões em
contratos da estatal foram disputados apenas por um grupo restrito de
fornecedores: os convidados. Esse montante representa 61% de todas as
compras feitas pela Petrobras entre 2003 e 2012, quando ocorreram os
superfaturamentos investigados pela Operação Lava-Jato.
Levantamento do
Núcleo de Jornalismo de Dados do GLOBO apenas sobre os contratos em
reais da estatal revela que, nesse período, aumentou consideravelmente o
uso de carta convite para a seleção de fornecedores de obras, serviços e
equipamentos. O instrumento limita o número de participantes em uma
licitação. Em 2004, apenas 8% dos R$ 15,3 bilhões contratados pela
Petrobras foram por meio de convite. No ano seguinte, foram mais de 60%.
Em 2009, essa proporção chegou a 76% dos R$ 35,5 bilhões gastos pela
companhia naquele ano. Esse patamar só começou a cair em 2012, quando os
dois ex-diretores foram demitidos com a chegada à presidência da
Petrobras de Graça Foster, que reduziu o ritmo dos investimentos. Ainda
assim, no ano passado, a empresa gastou 59% do orçamento por meio de
licitações do tipo convite.
Esse modelo de concorrência passou a ser usado a partir de 1998, após
o fim do monopólio do petróleo, quando um decreto livrou a estatal da
lei de licitações que rege o setor público. A intenção era dar mais
agilidade à companhia para enfrentar concorrentes. Uma das inovações foi
a licitação por convite, na qual a Petrobras não é obrigada a divulgar
edital nem aceitar propostas de qualquer interessado. Ela decide quem
pode se candidatar. Depoimentos das delações premiadas de Pedro Barusco,
ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, e de Augusto Mendonça,
executivo da Setal, revelados na semana passada, apontam que o uso
desse tipo de licitação fortaleceu o cartel que direcionava licitações e
superfaturava contratos, segundo as investigações.
Mendonça disse à Justiça que o grupo de empreiteiras que se reuniam
no que ele chamou de “clube” fez um acordo com Duque e Costa logo no
início do governo Lula para que restringissem aos seus integrantes os
convites para as licitações. No governo Fernando Henrique (PSDB), as
empresas já evitavam concorrer entre si na Petrobras, disse o delator.
Mas, com a adesão dos diretores, o “clube” ganhou força para dominar as
grandes obras da estatal.
— A partir do final de 2003, começo de 2004, esse grupo conseguiu
fazer um acordo com os diretores da Petrobras das áreas de Abastecimento
e de Serviços, de modo que as empresas convidadas acabassem se
restringindo às participantes do próprio grupo. Aí sim, o grupo passou a
ter uma efetividade importante — afirmou Mendonça no depoimento em que
explica como as empresas escolhiam as obras que queriam ganhar e
encenavam uma disputa. — A empresa acompanhava (o plano de obras da
Petrobras) e, quando virasse carta convite, as outras cumpriam a
obrigação de oferecer preços maiores.
Outro delator, o ex-gerente Pedro Barusco, contou à Justiça que foi
Rogério Araújo, executivo da Odebrecht, quem decidiu os convidados para
as licitações das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo Barusco, que era braço-direito de Duque, Araújo disse ter
combinado a lista com Paulo Roberto Costa. A obra, iniciada em 2007, foi
dividida em 12 contratos, vencidos por consórcios formados por várias
empresas investigadas na Lava-Jato, entre elas a própria Odebrecht.
Barusco também afirmou que o cartel era antigo, mas que Duque e Costa
facilitaram muito a manipulação das concorrências. O aumento dos
projetos da Petrobras na época gerou mais chances para licitações por
convite nas áreas de Abastecimento e Serviços. Entre 2004 e 2012, o
investimento anual da estatal subiu de US$ 8,9 bilhões para US$ 42,9
bilhões.
Técnicos da Petrobras e fornecedores ouvidos pelo GLOBO consideram as
licitações por convite essenciais para dar agilidade à Petrobras, mas
admitem que algumas características podem favorecer o cartel. Sem o
edital de uma licitação convencional, a seleção pode ocorrer sem que
outros fornecedores fiquem sabendo. Ainda que viciada, a contratação não
precisa de justificativa. Na dispensa de licitação, por exemplo, é
preciso comprovar o motivo, o que deixa o certame mais vulnerável aos
mecanismos de controle. Por fim, o grupo fechado de concorrentes pode
fazer acordos com informações confidenciais de executivos da estatal.
As empresas investigadas pela Operação Lava-Jato foram as que mais
lucraram com contratos vencidos em licitações por convite entre 2003 e
2012. O Consórcio Rnest-Conest, associação entre as construtoras OAS e
Odebrecht para obras da Refinaria Abreu e Lima, lidera a lista com
contratos que somam R$ 6,3 bilhões. Em segundo lugar, com R$ 5,3
bilhões, está a UTC, apontada por Mendonça como coordenadora do “clube”.
Outro consórcio, liderado pela Camargo Corrêa, para Abreu e Lima ficou
com R$ 5,2 bilhões. Também se destacam a Alumini, que atua no Complexo
Petroquímico do Rio (Comperj), e dois consórcios de obras da Repar,
refinaria no Paraná. Todas são obras que têm contratos investigados pelo
Ministério Público e a Polícia Federal na Lava-Jato.
O fato de uma empresa vencer licitação por convite não é, por si só,
motivo de suspeita, já que a modalidade é legal. No entanto, as
revelações da Lava-Jato chamam a atenção para brechas no modelo. — O regulamento de compras da Petrobras é todo vulnerável a
direcionamentos e à corrupção. Seria bom que ele fosse alterado, mas o
mais importante é um gerenciamento eficiente desses processos — diz
Claudio Weber Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil. — É
impossível o funcionamento do cartel sem a coordenação de quem estava na
Petrobras.
VENCEDORAS NEGAM DIRECIONAMENTO
As empresas
vencedoras de licitações por convite na Petrobras negaram participar de
cartel. Em nota, a Odebrecht afirmou que obteve todos os contratos com a
estatal de acordo com a lei. Sobre a menção de um de seus executivos
por Pedro Barusco, nega “as alegações caluniosas feitas pelo réu
confesso” e “qualquer pagamento a executivo ou ex-executivo da
Petrobras”.
A UTC afirmou que todos os seus contratos seguem
rigorosamente a lei e disse repudiar “tentativas de relacionar seu nome à
participação em ‘clubes’ e ao suposto pagamento de propina”. A Alumni
alega que, em seu depoimento, Pedro Barusco afirmou que a empreiteira
foi convidada a participar da licitação do Comperj para “quebrar o
cartel” e nega superfaturamento ou ilegalidades em seus contratos.
A assessoria da Galvão Engenharia afirmou que a empresa sempre
conquistou contratos dentro da legalidade e que fez pagamentos sob
extorsão e concussão, com ameças aos contratos vigentes. Já a Camargo
Corrêa informou que “tem reiterado que se colocou à disposição das
autoridades e tem prestado os esclarecimentos solicitados”. A Queiroz
Galvão também reiterou que seus contratos seguem a lei e que está à
disposição das autoridades. O GLOBO não conseguiu contato com as demais
empresas.
Paulo Roberto Costa, em delação premiada, confessou ter recebido
propinas para direcionar contratos — assim como Barusco, cujas
declarações foram classificadas de “fantasiosas” pela defesa de Renato
Duque, que nega as acusações. Procurada pelo GLOBO, a Petrobras não respondeu.
12 comentários
Seria bom listar as obras licitadas e entregues no tempo e no orçamento previsto, pra gente sentir o tamanho da irresponsabilidade. A impressão que se tem é que as empreiteiras, ou retardavam maliciosamente as obras ou não tinham plenas condições de executarem o que foi proposto inicialmente. Um absurdo.
ReplyManso.
Corja de criminosos- não menos do que os gangsters que apoiam a quadrilha petralha.
ReplyQuem faz mal a uma nação inteira vai pagar caríssimo.
Crime imperdoavel - Os anjos da limpeza estão no comando.
Aguardem.
Já uma coisa afianço: não abasteço em BR,e "eu quero ter um milhão de amigos" me seguindo nesse acertado propósito.A Petrobras nos agride até nos seus preconícios!E aclaro que a amei demais, orgulhei-me muito dela!Hoje só me causa engulhos...Chega de engazopamento! Logo que o PT cair com a base de apoio pútrida, para gáudio do céu, do mar e da Terra de Santa Cruz firmada na fé, que a Petrobras se depure, junte os cacos e volte a ser séria e nossa!Até lá, babau BR!Que a toque de caixa seja erigido um presídio amplo e inexpugnável para os espoliadores vermes vermelhos da pátria!HAJA PRONTO IMPEDIMENTO!
ReplyCel,
ReplyA unica saída pra esse lamaçal, ir para as ruas, e detonar este governo trapaceiro, ladrão, safado. E não abastecer mais em posto BR.
PAÍS RICO É PAÍS DE GOVERNANTES HONESTOS.
ReplyCoronel,
Replyontem pus gasolina: R$ 3,29.
Todos pagamos a conta da roubalheira do PT mil vezes!! Na gasolina, na comida e em outros tantos gastos diários e obrigatórios, inclusive o imposto de renda que deveria reverter em nosso favor mas nada vemos!
Cade a educação? A segurança? A saúde? O transporte?
FORA DILMA!
Agora já podemos pedir:
IMPEACHMENT JÁ!!!!
Flor Lilás
Coronel,
ReplyDilmaldita trocou 6 por 1/2 dúzia!
Tira a companheira DesGraça Foster e coloca o cupincha Bendine que tem ajudado há anos no BB!!! Dilmandona continuará interferindo e protegendo a roubalheira do PT.
Vamos deixar??
IMPEACHMENT JÁ!
Está na hora de sairmos às ruas: pacífica e ordeiramente, inclusive protegidos pela PM para impedir avanço da petralhada e de black blocks!
Flor Lilás
Coronel,
ReplyOFF - mais do nosso dinheiro para Evo Cocaleiro!!!
http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2015/02/petrobras-do-petrolao-investe-us-1.html
Que revolta!!
Dilmaldita deu mais 1 milhão de dólares para o ladrão de refinaria brasileira!!!
Coronel, 1 milhão de dólares da PTroubrás - que está falida - para a Bolívia!!!!
Quando foi para sua posse deu de presente do nosso dinheiro para "programas sociais"!!!!
FORA DILAMALDITA!
IMPEACHMENT JÁ!
E daí PSDB - vai abrir a boca e gritar contra mais este roubo????
Flor Lilás
Coronel,
Replytemos de lembrar que foi o FHC que instituiu as licitações diferenciadas para a Petrobras. Seus grandes erros foram não ter privado o BB, a Caixa, o Banco do Nordeste e a Petrobras. Como também não ter extinto o BNDES.
Existem algumas caixas pretas ainda a serem abertas:
Reply1)Como Lula assumiu o 1º mandato com as reservas praticamente cheias e as entregou vazia para Dilma.
2)O que aconteceu o ou acontece com as doações ao programa "Fome Zero" (os caixas do BB e da CEF ainda pedem doações).
3)Irão investigar as loterias governo?Onde por exemplo a mega sena, acumula horrores e ganha alguém geralmente sozinho.
4)Petrobrás? Se preparem para ver o saqueamento total do BNDES, do BB, da CEF....
Coronel,
Replypor favor faça um post sobre o que está sendo feito ou deveria ser feito por MPF, TSE.e partidos para se punir este partidinho do mulla molusco. Não dá mais para aceitar estas impunidades desde 2002.
Obrigado,
DBF
Coronel,
ReplyTem algumas ressalvas no processo de licitação, pelo menos na BR Distribuidora, conforme presenciei várias vezes:
A Petrobras, antes de lançar a carta convite, elege um fornecedor para ser o cabeça do esquema. Esse cabeça negocia com os demais fornecedores partes da obra e percentuais de propina (o cabeça sempre fica com a maior parte).
Caso apareça alguma outra empresa interessada, a Petrobras nega participação e diz, na maior cara de pau, que se criar algum mal estar na empresa jamais receberá convite para licitações.
Caso a empresa insista, a BR entra em contato com o cabeça da licitação para que seja rateada entre os participantes do certame um "cala boca". Presenciei uma empresa de SP recebendo R$ 1 milhão para fingir que não ficou sabendo de um processo na área de programação visual.
É uma quadrilha super mega organizada.
Bia