2014 foi ruim? Vem aí 2015.

As esperadas mudanças na política econômica são consideradas positivas para uma retomada da confiança de empresários e consumidores e da credibilidade do governo, mas não diminuíram as incertezas em relação a 2015, que ainda deve ser marcado por baixo crescimento e inflação alta.

Além da lista de "maldades" que deve fazer parte do esperado ajuste macroeconômico, com provável alta de impostos e corte de benefícios sociais, uma outra série de fatores, que vão desde a crise hídrica até a maior fragmentação do Congresso, pode fazer com que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano seja menor que a alta de 0,5% prevista pela média de 20 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data.

Para analistas, a combinação entre políticas fiscal e monetária mais restritivas deve manter o crescimento da economia em ritmo bastante vagaroso, com alguma possibilidade de recuperação a partir da segunda metade do ano. Ainda assim, a inflação deve ficar ainda mais pressionada em 2015, devido ao realinhamento das tarifas públicas. Segundo a estimativa média dos analistas consultados, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terá alta de 6,6% no período, 0,1 ponto acima, portanto, do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%.

Esse cenário já embute os efeitos do ciclo de aperto monetário iniciado pelo BC em outubro, que, na expectativa mediana dos economistas, deve levar a taxa Selic dos atuais 11,75% ao ano para 12,5% ao ano no fim de 2015.

Entre os ajustes previstos, porém, o mais desafiador é o fiscal, dado que a novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se comprometeu a entregar um superávit primário de 1,2% do PIB depois de um ano que pode terminar com déficit nas contas públicas. Para os analistas consultados, a economia para pagar o serviço da dívida chegará a 0,9% do PIB no ano que vem, nível que não vai estabilizar a trajetória de aumento da dívida bruta, mas que é visto como suficiente para evitar a perda do grau de investimento.

Se, do lado doméstico, a necessidade de reequilibrar as contas públicas e reduzir a inflação colocará um freio sobre a atividade econômica, tampouco o governo pode contar com ajuda do ambiente externo em 2015. Em um contexto de deterioração da economia argentina, desaceleração da China, uma nova crise russa, queda dos preços das commodities e normalização da política monetária pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), a recuperação dos Estados Unidos e o real mais desvalorizado não são vistos como grandes impulsos ao comércio exterior.

Mesmo que as medidas econômicas do novo governo ainda não tenham sido formalmente divulgadas, Cristiano Souza, do Santander, avalia que não haverá muitas surpresas vindas dessa esfera. As ações para elevar o superávit primário devem consistir, basicamente, em alta de impostos e alguma contenção de despesas, com corte de investimentos federais, por exemplo. A grande dúvida, segundo Souza, é quando os ajustes vão começar, já que algumas decisões fiscais precisam passar pelo Congresso e a base aliada do PT a partir de 2015 será menor, o que pode atrapalhar o andamento do ajuste fiscal.

Assumindo que os aumentos de impostos e redução de gastos venham em tempo hábil, Souza estima que o resultado primário do setor público será de 0,8% do PIB no próximo ano, número que, de acordo com ele, será uma indicação positiva às agências de classificação de risco de que o governo está se movendo para melhorar o quadro fiscal. "O fato de Levy ter prometido um superávit de 2% para 2016 e caminhar para cumpri-lo já é uma indicação para as agências esperarem um ou dois anos", disse.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, é menos otimista. Em sua avaliação, as denúncias de corrupção na Petrobras podem afetar negativamente a percepção dos investidores internacionais sobre o país, o que tem potencial de aumentar o risco-Brasil. Ao lado do escândalo, o crescimento pífio, que deve se manter ao menos pelos próximos dois anos, não afasta totalmente do horizonte o rebaixamento da nota de crédito, diz Vale, mesmo com resultados fiscais um pouco maiores.

A situação delicada na estatal do petróleo e o envolvimento das principais empreiteiras do país na Operação Lava-Jato podem ter impacto negativo também nos investimentos domésticos. Alessandra Ribeiro, da Tendências, espera uma alta de 1,1% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e na construção civil) em 2015, após o tombo de cerca de 7% esperado para este ano. "Anteriormente, diante da expectativa de retomada da confiança com a indicação de Joaquim Levy para a Fazenda, tínhamos uma alta até maior, de 2,4%", comentou.

Com as denúncias envolvendo a estatal e a forte queda do petróleo nos mercados internacionais, porém, Alessandra reduziu suas estimativas. "O plano de investimento da Petrobras, de cerca de R$ 100 bilhões ao ano, representa quase 10% do investimento do país, então qualquer corte abala a formação de capital físico", diz.

Apesar dessa influência negativa, ela acredita que as chances de o país atravessar uma recessão em 2015 por causa dos ajustes macroeconômicos são ainda limitadas. Por enquanto, a consultoria estima alta de 0,6% do PIB, influenciada sobretudo por aumento de 0,8% do consumo das famílias, dado que os ganhos de renda ainda sustentam certa expansão do comércio e dos serviços, mesmo em desaceleração.

Por outro lado, a expectativa de que parte das pessoas que deixaram de procurar uma ocupação neste ano voltem ao mercado, depois de um ano de redução nos ganhos salariais, deve elevar o desemprego. Segundo Souza, do Santander, dois vetores devem fazer com que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país aumente de 4,9% neste ano para cerca de 5,5% no próximo ano: a indústria, que já vem dispensando mão de obra, e uma pressão maior da População Economicamente Ativa (PEA). (Valor Econômico)
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11 comentários

Corona, como no futebol brasileiro tem muito dessa coisa de mala branca e mala preta, o pastor das malas é realmente a melhor indicação para o ministério dos Esportes.

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Não sei se tem a ver com a crise, pode ser que sim, mas o show de jogos de artifício na cidade de São Paulo à meia noite do dia 24 durou exatamente 2 minutos. Nunca ví nada parecido

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Coronel,
os otários que elegeram e reelegeram essa corja vão pagar muito caro suas escolhas. Desemprego, inflação e roubalheira maior ainda farão de 2015 o Ano Máximo do Petralhas.

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Infelizmente, não há como ter esperanças neste governo. Inflação alta, pib fraco, ministério fraco, corrupção aos montes, crimes eleitorais realizados, crimes de prevaricação, improbidade administrativa e mais as novas denúncias que surgirão no próximo ano, não apenas no petrolão bem como na eletrobrás e fundos de pensão. Se mexerem no BNDES então, vai tudo pelos ares.

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A tendencia com o PT no governo e piorar, mesmo colocando pessoas que entende de economia nos ministerios nao farao verao.A maquina publica esta doente e nao ha anticorpos que resolva.Vai ser necessario muito antibiotico e cirurgias para estirpar os tumores.

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cel,

O Brasil nunca vai melhorar com o PT no poder. E ainda mais com essa vagabunda incompente no poder piorou.

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Cel
Acho que nem com o Levy a economia tomará jeito, já que os roubos continuam a céu aberto e não há País que resista a tantos desmandos. O Levy pelo que se saiba, ainda não faz milagres.
Esther

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1 ministro bom + 1 bando de incompetentes corruptos, nao vai resolver nada!!!quem escolhe o governo eh o marqueteiro e quem arruma o Brasil eh o min da economia, dilma faz o que em Brasilia????????

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CORONEL

A Receita Federal informa que a arrecadação de impostos bateu recorde de todos os tempos, ou seja "nuncanessepaiz" se arrecadou tanto.Totalizou R$2,19 trilhões.Ainda assim o governo da gorda dentuça não conseguiu cumprir o superavit primário. Outro recorde foi da gastança e roubalheira desenfreadas; mudaram a lei de responsabilidade para fechar a equação.

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Governo de mixordia....Parece um bando de crianças brincando de Banco Imobiliário....só que o dinheiro que eles roubam é de verdade..

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cel,

Que arrebente o país e vamos começar do zero como no governo collor, poís o que importa é o IMPEACHMENT da vagabunda.

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