Mais uma.

Doramaria Tavares de Lima Kramer, colunista do Estadão, escreve hoje em defesa de Arthur Virgílio, indo pelo mesmo caminho de que militares não são cidadãos brasileiros e não tem direito de manifestar as suas opiniões. Diz a jornalista: "Falam de índios, mas parecem querer mesmo é falar mal do presidente.Exercício livre a qualquer cidadão. Menos aos militares, cuja intromissão na política não é experiência que o Brasil suporte repetir." O uso do "parecem" já transforma a afirmação descabida numa simples ilação. O general não falou somente de índios: falou de não-índios e de um grave problema nacional, que chegou a ser uma ameaça de conflito armado entre grupos e forças policiais. Só teve repercussão porque falou a verdade. E porque a verdade gera apoios de onde menos se espera, basta olhar a petition online aí ao lado. Num país onde a divulgação dos gastos da família do presidente com botox, dentes de porcelana e produtos de camelô são considerados uma ameaça à segurança nacional, convenhamos que o Comandante da Amazônia deveria poder falar livremente sobre fatos que ameaçam à nossa soberania. Ele sim, está defendendo a democracia. O presidente, ao contrário, está colocando a mesma em risco, abrindo espaço para sérias crises institucionais que a imprensa, muitas vezes, aceita abafar.