O bolivariano.

Na última sexta-feira, Marcio Aurélio Garcia, assessor internacional do lulismo, concedeu entrevista para El Clarin, de Buenos Aires, sendo chamado de "o olhar de Lula para a região". Falou muito mais como bolivariano do que brasileiro. Lá pelas tantas, com o filtro seletivo que caracteriza o homem do Foro SP no Brasil, saiu com esta:

-"Não porque Chávez tenha perdido, sim porque o presidente a quem muitos acusavam de perigoso ditador, sobmeteu seu governo e seu projeto a uma consulta eleitoral, garantiu todas as expressões, manifestações, imprensa, etc; e perdeu."

O "olhar bolivariano de Lula" passou por cima das denúncias dos Repórteres Sem Fronteira, dos sindicatos de jornalismo locais, dos estudantes que sofreram atentados à bala dentro das universidades, das centenas de ônibus que fizeram transporte de militantes chavistas, da cobertura parcial e covarde da imprensa oficial, entre tantas ameaças que rondaram o que resta de democracia na Venezuela.

Encerrou a entrevista dizendo que agora não há motivos para não aceitar a Venezuela no Mercosul: "podem não gostar de Chávez, mas não há mais o argumento de que ele era um ditador."

Não era, mas estava fazendo um referendo para ser. O povo venezuelano é que não permitiu.