À beira de um ataque de nervos.

Lula nunca teve grandes dificuldades para falar com o povo eleitor. Desenvolveu, em anos de ócio político e preparação financiada por compadres e amigos, uma excelente capacidade de comunicação. Como o seu discurso é pobre, no sentido mais amplo, basta falar de futebol, luz elétrica, galinha ciscando e lombriga na barriga, que a comunicação é imediata. O problema de Lula é falar com quem também tem poder efetivo, como é o caso dos senadores. Hoje, o presidente acha que vai ganhar o jogo colocando eleitor contra senador, abrindo uma guerra do povo contra os políticos. É um engano. Senadores têm um longo mandato, não dependem da próxima eleição. Via de regra, o Presidente vai embora e eles ainda estão lá. Esta é a importância do Senado, esta capacidade de agir com seriedade e determinação, resistindo a pressões espúrias e sem caráter, de lutar contra um governo cada vez mais totalitário. A CPMF é uma espécie de referendo do Lula e cabe aos senadores impor-lhe a derrota. Que a oposição tenha a grandeza para reconhecer que o que está em jogo não é um imposto, é a sua capacidade de reagir a um quase ditador à beira de um ataque de nervos.