domingo, 18 de novembro de 2007

Uma nova estatal: a UNE.

Ao centro, Oscar Niemeyer e Lúcia Stumpf, presidente da UNE, com o projeto da sede
Um prêmio pelo seu apoio cego,surdo e mudo ao Governo Lula? Um mimo pelo descaso com a situação dos estudantes venezuelanos? Uma troca de favores?

O fato é que os dirigentes da UNE foram recebidos por Lula, há alguns dias atrás, que lhes garantiu: "Vou inaugurar a nova sede da Praia do Flamengo até 2010". Assinou um documento, que mais parece de estatização da outrora aguerrida representante da classe estudantil, de onde pincei, especialmente, dois trechos:

"- Fomos presenteados com tal espaço pelo presidente Getúlio Vargas, em 1942, em meio à Segunda Guerra Mundial, quando a jovem União Nacional dos Estudantes (UNE) representava uma das principais forças democráticas e antifascistas no Brasil. O prédio que ali funcionava pertencera ao Clube Germânia, então simpatizante da política e ideologia nazista, sendo ocupado pela UNE e, posteriormente, concedido à entidade por Getúlio".

"- Chegou a hora da pintura, da reforma. Chegou a hora de reconstruir o nosso lugar com toda força que tivermos, erguendo a nova sede da UNE como um monumento impávido e inquebrantável, tal como a nossa história. As autoridades deste país hão de reconhecer este saldo e colaborar, no possível, nessa reconstrução de um sonho. Sabemos que outras instituições, tão legitimamente patrimônios do nosso povo, como a Petrobrás, podem ser parceiras indispensáveis nessa reconquista."

O site do PT também registra a intenção do Governo Lula de financiar a construção da nova sede dos estudantes. Vai mais longe. Informa que o governo está mandando uma emenda orçamentária de R$ 9 milhões ao Congresso, como contribuição da União para a construção de um prédio de R$ 40 milhões, com 13 andares, centro cultural e projeto de Oscar Niemeyer. Veja aqui o vídeo de lançamento do projeto, em 13 de agosto de 2007.

Por seu lado, a UNE está lançando a campanha "Nosso Apoio é Concreto", que começa com um evento na Churrascaria Porcão, em Brasília, com convites a R$ 500 e R$ 1.000. Mas isto é troco, é apenas uma simpática extorsão de políticos que devem favor à estudantada.

O que assusta é outra coisa: além da Petrobras já estar comprometida com o projeto, Lula sugeriu que o financiamento do complexo da UNE na Praia do Flamengo seja feito por verba indenizatória, através da Comissão de Anistia: "Nós concluímos que a destruição da sede durante a ditadura configura um episódio de perseguição política, portanto, essa via também é possível", relatou Lúcia Stumpf.

A conclusão é de um cinismo despropositado e será a primeira anistia de um prédio no mundo.

Fazendo justiça aos fatos, a UNE foi presenteada com um prédio que tomou à força de um clube formado por imigrantes alemães, a Sociedade Germânia, acusada de apoiar o nazismo, fato que nunca foi comprovado. E virou a dona do prédio na Praia do Flamengo, 132, depois de invadir uma propriedade privada, respaldada por Getúlio Vargas, que em plena ditadura do Estado Novo, durante muito tempo flertou com Hitler. Esta é a História, com H maiúsculo.

Somente o caráter podre e a cultura do ódio que impera na esquerda brasileira poderia engendrar uma "anistia"para o prédio, só porque ele foi destruído pelos militares, com a mesma violência que os estudantes atacaram os imigrantes, que lá cultivavam a saudade da sua pátria natal.

Por que a UNE nunca propôs devolver o prédio à Sociedade Germânia? Por que não propõe, hoje, anistiar a colônia alemã do Rio de Janeiro, que perdeu o seu clube, reconhecendo que excessos podem ter sido cometidos por ambos os lados em tempos de guerra? Por que a UNE ataca o exército brasileiro, em vez de conceder a ele a mesma anistia que perdoou e indenizou estudantes que cometeram crimes durante a ditadura?

Se estes estudantes carreiristas, joguetes e marionetes de políticos mal intencionados, tivessem um pingo de criatividade, senso crítico e consciência histórica, proporiam construir um prédio onde fosse dedicado um andar e um memorial aos imigrantes alemães que foram perseguidos, a maior parte das vezes injustamente, durante a Segunda Guerra Mundial. Duvido que faltasse dinheiro da iniciativa privada, especialmente de empresas ligadas à Alemanha, para construir o empreendimento. Mas, é lógico, é mais fácil mamar nas tetas da Caixa, da Eletrobras e dos Correios, que já patrocinam o site da entidade.

A ironia de tudo isso é que dois dos personagens mais importantes desta nova página negra da história do Brasil são Oscar Niemeyer, o arquiteto, e Lúcia Stumpf, a presidente da UNE, ambos descendentes de alemães.

( A Sociedade Germânia, do Rio de Janeiro, não passou procuração para este blogueiro defender a sua história. Nem sei se algum dia se preocupou com o tema. Vi pela internet que possui uma belíssima sede e, ao contrário da estudantada, já deve ter superado os ódios, se ódios houve, há muito tempo. Prosit!)

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