O Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo mandou ontem abrir ação civil pública para dissolução da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), nomeação de interventor judicial e afastamento imediato dos atuais integrantes da diretoria executiva e do conselho de administração.A decisão foi unânime. Por 10 votos a zero, os procuradores de Justiça que integram o Conselho Superior impuseram massacre histórico à entidade criada em 1996 por um núcleo do PT ligado ao Sindicato dos Bancários.

A ação ficará a cargo de um promotor. É o mais pesado revés sofrido pela Bancoop desde que, no ano passado, a promotoria denunciou criminalmente a cúpula da cooperativa à Justiça, atribuindo a seus quadros principais formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e desvios estimados em R$ 100 milhões.O Ministério Público suspeita que parte desse montante pode ter financiado campanhas políticas do PT. A Bancoop também está sob fogo de milhares de cooperados que alegam ter sido lesados por má gestão.A ação vai pedir judicialmente eleição de nova diretoria e novo conselho para assumir a gestão da Bancoop até final dissolução e conclusão dos empreendimentos utilizando-se de contabilidade independente, com separação das contas, como estabelece o estatuto da cooperativa.

O relator, conselheiro Edgard Moreira da Silva, argumentou que a Bancoop desenvolveu 'atividade ilícita à condição jurídica, consistente em atuar no mercado como verdadeira empresa incorporadora'. 'Há indícios sérios e consistentes de desvios de recursos financeiros dos cooperados para fins escusos e para empresas de integrantes da direção da Bancoop.'Defesa. 'Faltou sensibilidade ao Conselho do Ministério Público', criticou o advogado Pedro Dallari, que defende a Bancoop. Ele sustenta que o primeiro promotor que estudou o caso havia requerido o arquivamento. Pelo menos outros três promotores seguiram igual caminho, segundo ele. 'Nenhum deles pediu intervenção ao longo desses anos.' A promotoria denunciou criminalmente a cúpula da Bancoop, atribuindo a seus principais dirigentes crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e desvios estimados em R$ 100 milhões.